segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O Nulo Que Mantém Tudo Intacto

Naquele que era o primeiro clássico do campeonato português, o FC Porto rumou à capital para trazer de Alvalade uma vitória que nos escapa já desde os longínquos tempos em que Jesualdo Ferreira era o timoneiro portista.

Ainda não foi desta, mas fizemos bem mais que o suficiente para o conseguir. Como consolação resta-nos a liderança intacta no topo da tabela classificativa.

É impossível não dizer que, no final deste Sporting CP - FC Porto, era notório o amargo de boca, tal foi o futebol apresentado pela equipa de Sérgio Conceição. Fomos em quase tudo melhores, e no primeiro tempo assistiu-se a uma verdadeira avalanche azul e branca que só encontrou em Rui Patrício o único resistente da equipa adversária.

À semelhança do que havia acontecido terça-feira, pudemos assistir a um FC Porto calmo, convicto das suas capacidades, agressivo e sem medos lá na frente.

Entrando com os mesmos 11 que fizeram mossa no Mónaco, à excepção do lesionado Ricardo Pereira, os Dragões entraram em campo com um único objetivo: vencer. E, de facto, apenas podemos apontar à finalização o único ponto negativo da nossa equipa já que, por várias vezes, desaproveitou as oportunidades que iam sendo criadas. 

De novo em 4-3-3, a grande superioridade portista refletiu-se no seu meio-campo, onde secou por completo quaisquer tentativas de avanço no terreno por parte da equipa da casa. A reação à perda da bola era imediata, como tal, a pressão exercida sobre o transportador da bola adversário era tal que rapidamente o FC Porto recuperava a redondinha mesmo antes do Sporting se aproximar do nosso último terço do campo. Desta forma, não só se anulou o jogo interior do adversário, mas também as investidas pelas laterais, onde os da casa criam perigo com bolas para Bas Dost. Prova disso foi o primeiro lance de perigo pelas laterais registado já muito próximo do fim do primeiro tempo. Em suma, o pouco perigo que ia sendo criado pelo Sporting apenas se registava através dos lances de bola parada.

Na frente, Brahimi e Abou iam fazendo em água a defesa sportinguista, mas foi Marega o autor de duas das melhores oportunidades de golo para os azuis e brancos. Soltos, o trio ia criando oportunidades de várias formas. Sempre sob a batuta de Brahimi, o FC Porto podia ter inaugurado e ampliado o marcador várias vezes com principal destaque para o cabeceamento à trave de Marega e a recarga de Aboubakar defendida por Patrício.

Ao intervalo, o domínio portista era inquestionável. O FC Porto contabilizava 8 remates (5 enquadrados), contra apenas 1. O jogo era, portanto, de sentido único e ficava a convicção de que, continuando a toada, o golo teria de aparecer no segundo tempo.

Pese embora a convicção, tal não aconteceu, essencialmente devido ao facto de não ter sido possível manter o sentido único do primeiro, devido à quebra física da qual se ressentiu a equipa nos segundos 45 min. O desgaste causado pela correria no primeiro tempo, pela pressão constante e contra-ataques rápidos, permitiu ao Sporting equilibrar os pratos de uma balança com claro pendor para os Portistas. Assim, com alguma normalidade, o FC Porto consentia mais espaços a defender e oferecia menos discernimento no capítulo ofensivo mas sem nunca se vir em situação de perigo iminente, tendo, inclusivamente, criado também a melhor ocasião de golo da segunda-parte, novamente por Marega.

A partida viria a chegar ao fim com o nulo no marcador e, mais do que 1 ponto ganho foram, isso sim, 2 pontos perdidos, mas exibição só nos pode deixar satisfeitos. Seguimos lideres!

Destaques:

IN 

DOMÍNIO - A primeira parte portista remeteu um Sporting a cinzas, sem conseguir criar qualquer perigo a Iker. Chegou a ser deliciosa a forma como o FC Porto dominava todos momentos do jogo, a defender, a atacar, com bola e sem bola, pressionante e atrevido.

BRAHIMI - o argelino está no seu melhor momento de forma e isso é inegável. Quando saiu do terreno, saiu esgotado, mas até lá deu bem mostra de si. Fez um remate, enquadrado, dois passes para finalização e voltou a dominar nos dribles, com quatro certos em sete tentativas. 

OUT

FINALIZAÇÃO - Com tantas e tão boas oportunidades criadas, sobretudo no primeiro tempo, que nos permitiriam alcançar um resultado confortável os azuis e brancos pecaram e o nulo prevaleceu no final.

QUEBRA - A partir dos 20' do segundo tempo o FC Porto quebrou e deu-se o melhor momento do Sporting. Seria ótimo que uma equipa conseguisse manter durante 90' o nível que apresentou durante 45, mas tal não é possível. O jogo a que se prestaram os portistas foi extremamente desgastante, quebra física percebe-se.

4 comentários:

  1. Boa tarde, Muralha Azul.

    É mesmo com uma azia incrível que se fica depois de um jogo tão bem conseguido em termos de dinâmica e ocasiões, para o resultado final ser 0-0... Ao ver a primeira parte do jogo, estava eu e, certamente, todos os Portistas que íamos sair de Alvalade com os 3 pontos. Tal não foi possível porque do lado adversário estava um Rui Patrício enorme, infelizmente. Não fosse ele estar em grande e estaríamos nós a falar neste momento de uma vitória categórica do FC Porto. Há que finalizar melhor, sem dúvida, mas não é todos os dias que se encontra um guarda-redes assim. Na minha opinião, houve mais mérito do guarda-redes adversário (os centrais do SCP melhoraram muito na 2ª parte, o que também nos impossibilitou de criar mais oportunidades) do que demérito nosso.

    Como ponto negativo, tenho que apontar apenas as substituições tardias. Penso que Soares devia ter entrado por volta dos 60/65 minutos, para o lugar do Abouba, pois estava fatigado e com a entrada do Soares, iria pairar o "fantasma" do bis na sua estreia no Dragão, precisamente, frente ao SCP. Contudo, as substituições do Mister Sérgio foram sempre para avançar no terreno (Otávio, Soares e Corona). O ano passado com um 0-0 teria entrado Otávio por Brahimi, Reyes por Herrera e Maxi por Soares... Qualquer coisa assim, para defender o resultado e não para buscar a vitória. Resumindo, ponto negativo as substituições tardias. Ponto positivo, entrada de jogadores ofensivos.

    Nota também para aquilo que o Mister disse na tradicional rodinha no fim do jogo e pela flash-interview à Sport TV... A cada semana que passa, desejo mais que o Mister fique por cá muito tempo. Tem muito que ensinar.

    Cumprimentos,
    BMF

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  2. BMF,

    Concordo com tudo. Diria apenas que esperava ver Oliver a entrar ao invés de Otávio.

    Quanto a Sérgio impossível não encher as medidas. Grande trabalho.

    Abraço!

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  3. Boa tarde, Muralha Azul.

    Também gostaria de ter visto Óliver em vez de Otávio, pois o espanhol está mais motivado e sinto que entraria com "raiva", pois perdeu o lugar recentemente para Herrera e traria ao jogo mais qualidade na posse de bola, o que poderia ser útil para aproveitar o cansaço do SCP. Mas entendo a opção pelo brasileiro, pois é um jogador mais ofensivo. Tenho mesmo muita pena que o Otavinho esteja nesta crise de confiança. Ainda no domingo ao almoço vi na TV os lances mais importantes do jogo em Alvalade da época passada e qualidade que ele tem é inegável... Esperemos que marque um golo em breve para "arrebitar".

    Cumprimentos e desejos de um bom feriado,
    BMF

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    1. Esperava ver um Otávio de bom nível esta época, no mínimo igual ao Otávio que iniciou a época passada. Afinal, foi Sérgio Conceição quem os fez explodir em Guimarães.

      Infelizmente não é isso que temos assistido, aliás o brasileiro tem tido, inclusivamente, dificuldades em corresponder ao que lhe é pedido. Veremos que Otávio o futuro nos trará.

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