O FC Porto visitou a Vila das Aves, no jogo que antecedeu a receção ao Benfica, mas não conseguiu levar de vencida a equipa da casa que se apresentou coesa, pressionante e a não dar espaços aos azuis e brancos mas, mais que isso, deparou-se perante um FC Porto desinspirado que facilitou aos avenses a estratégia para este jogo.
Simplificando, foi mais ou menos isto: jogamos pouco; o empate surge quando menos interessava; o Corona devia levar duas chapadas do Sérgio Conceição; se o Danilo fosse branco e se chamasse Jonas não era 1 penalti, eram 2, no mínimo.
Basicamente foi isto. O FC Porto até entrou bem, com Soares a surpreender no 11 (e Marega no banco) os portistas entraram praticamente a vencer no encontro e, logo aos 6 min., Ricardo Pereira colocou a equipa na frente depois de um passe fantástico de Tiquinho. Se o golo podia balancear o FC Porto para uma exibição tranquila, tal não aconteceu. Balanceou, isso sim, para uma exibição amorfa e com poucas oportunidades para os azuis e brancos.
Com uma ótima reação ao golo sofrido, era o Aves quem criava as melhores ocasiões. Aos 20 minutos levava já 6 remates e há meia hora contabilizava 6 passes para finalização contra 4 dos portistas, o que atestava o fraco rendimento da equipa azul e branca. O FC Porto não conseguia chegar à frente com perigo, embora com dois homens lá na frente o jogo não fluía com qualidade, falhavam-se passes, escorregava-se muito, jogava-se mal. Ao fim do primeiro tempo, bom mesmo era o resultado.
Na segunda parte, a equipa juntou as suas linhas, encurtando os espaços, dificultando o jogo do CD Aves. Porém, a alteração da estratégia dos portistas trazida do balneário, viria a esbarrar numa ação infeliz de Corona. Já amarelado, pisou o adversário vendo o merecido segundo cartão amarelo, e consequente expulsão. É verdade que o critério do árbitro nem sempre foi igual para ambos os lados, mas Corona comete a infantilidade de fazer uma falta perigosa pondo em causa o resto da partida.
Ora, com menos um, o vislumbre das alterações ao intervalo goraram-se rapidamente e aguentar o golinho de vantagem era só o que já se pedia.
Tal não aconteceu e o Aves acabou mesmo por empatar, colocando justiça no marcador, diga-se.
Empatados, tivemos de correr atrás do prejuízo e, com menos um, foi quando começamos a produzir mais futebol, ainda assim mais com o coração do que com a cabeça. O empate despertou a equipa e Sérgio mostrou que o 1 igual não interessava, fazendo entrar homens para o ataque, ainda assim o desespero por querer fazer o golo levava a equipa a decidir mal, com inúmeras tentativas falhadas de lançar a bola longa para a velocidade de Marega.

Se por um lado acredito que, após este desaire, a equipa queria dar uma resposta forte, não há como negar que existe uma outra face. As debilidades demonstradas, os erros, a fraca qualidade de jogo e o pouco fulgor ofensivo, tiveram o condão de diluir a imagem de um Porto que podia fazer em água o rival da próxima sexta-feira. Mas estou convicto de que a primeira opção prevalecerá.
Destaques:
IN
RICARDO PEREIRA - Para além do golo, o lateral português esteve a bom nível no que tocou a defender. Terminou com cinco desarmes e quatro interceções e ganhou sete dos 13 duelos individuais que disputou.
DANILO - Herrera até pode ser o capitão, mas é em Danilo que vejo essas características dentro de campo e, ontem, não foi excepção. Muito interventivo com os colegas e a tentar levar a equipa para a frente. Fez dois remates, criou uma ocasião flagrante e a
realizou três tentativas de drible (duas com sucesso). A defender
registou quatro interceções e sete recuperações de bola.
OUT
QUALIDADE DE JOGO - Para além do empate, este foi o pior jogo do FC Porto neste campeonato e, como já referi, surge com um péssimo timing. Tenho a certeza que não será este o nível de jogo com que defrontaremos o nosso rival, o contexto e exigência são outros, mas não podemos repetir as fragilidades que ontem foram visíveis.
FIO DE JOGO - Faltou consistência ao FC Porto, faltou capacidade de construir jogo, de trocar a bola, de jogar apoiado, definir com critério e chegar à zona de finalização. Faltou fio de jogo. Vimos, pelo contrário, um futebol trapalhão, pouco criterioso e, já em desespero, de "chutão" para a frente que raras vezes dá frutos.