domingo, 5 de novembro de 2017

Décima!

Depois de uma sempre complicada deslocação ao Bessa e de um jogo de enorme exigência frente aos alemães do RB Leipzig, menos de 72 horas volvidas e novo jogo, desta vez contra um bem orientado Belenenses que, exceção feita às crónicas goleadas frente ao Benfica, vai realizando um ótimo campeonato. Às naturais dificuldades que uma semana exigente como esta podem comportar, juntaram-se ainda as condicionantes técnicas em resultado das lesões de Marega e Soares que vão deixando o ataque do FC Porto algo debilitado.

Herrera, 10º estrangeiro com mais jogos pelo FCP (162)
Desta feita, o jogo frente à equipa de Belém era encarado como uma final pelo treinador Sérgio Conceição. Final ou não, o desafio foi superado, e o FC Porto venceu a equipa forasteira por 2 bolas sem resposta, conquistando a décima vitória em 11 jornadas. Com mais dois tentos, a equipa de Sérgio Conceição alcança a marca dos 30 golos, feito esse que só encontra paralelo se recuarmos 55 anos, quando o húngaro Jenő Kalmár orientava os dragões, com o mesmo número de golos ao fim de 11 jornadas.

Condicionado pelas lesões de duas das suas três opções para a frente de ataque, Sérgio Conceição apresentou uma equipa organizada em 4-3-3, com destaque para a inclusão de Hernâni que suplantou Corona, no banco depois de ter saído "tocado" na última quarta-feira. Reyes entrou para o lugar de Danilo e André André completou o trio do meio-campo que integrava ainda um cada vez mais irreconhecível Herrera. Impossível deixar passar a ausência de Oliver que, mesmo num meio-campo a 3, parece não ser opção para o treinador. Algo que não deixa de me surpreender.

A vitória por 2-0, ficou marcada por uma primeira parte dominadora dos azuis e brancos na busca do golo que evitasse complicações indesejadas, não permitindo grandes réplicas aos seu adversário. Por sua vez, o segundo tempo, deu espaço a uma reação do Belenenses que, sem causar grande perigo foi-se aproximando aos poucos da baliza de José Sá. 

O FC Porto entrou forte na partida e apostado em por de parte o possível cansaço e as condicionantes impostas pelas lesões. A dominar, o FC Porto não deixava os visitantes responderem e ia criando perigo para a baliza de Muriel. Logo nos primeiros 10' min, para além dos 71% de posse de bola, os dragões registavam ainda quatro remates, um deles enquadrados. A construção portista ia-se fazendo bem desde trás, provam-no as 23 vezes em que Diego Reyes teve a bola em sua posse nos primeiros 10 min, liderando neste capítulo.

O tempo ia passando e o FC Porto intensificava a sua pressão, a posse de bola mantinha-se elevada para os da casa e o cerco ia-se apertando cada vez mais. À meia hora de jogo eram já 9 os remates, com destaque para Brahimi com 3 remates, um passe para finalização, 93% de eficácia de passe e no dribling teve sucesso nas suas 3 tentativas. 

O golo ia-se adivinhando, não só pelas oportunidades que eram criadas, como também pela facilidade com que os dragões entravam na área adversária. Até que o golo veio mesmo a acontecer. Na sequência de um pontapé de canto, tal como aconteceu na quarta-feira, a bola sobra para Herrera que, pela segunda vez consecutiva, inaugurou o marcador colocando o FC Porto na frente aos 42'.

O intervalo chegava com 65% de posse de bola, 13 remates, cinco deles enquadrados e uma vantagem inteiramente justa para o que se foi produzindo no primeiro tempo.

A segunda parte não se jogou ao mesmo ritmo da primeira, com menos pressão por parte do FC Porto, o Belenenses deu melhor resposta e foi dificultando a tarefa dos portistas em fazer o segundo e, a partir daí, gerir o jogo conforme pretendesse. Com um cansaço notório, os pupilos de Sérgio Conceição encolheram. A posse de bola baixou, ainda que com maior pendor para os da casa (52-48) e era o Belenenses quem criava mais oportunidades neste segundo tempo com 4 contra 3. 

Em virtude do desenrolar dos acontecimentos, Sérgio mexeu. Lançou S. Oliveira para o lugar de André, Galeno para o de Brahimi e já antes havia entrado Corona para o lugar de Hernâni. Com estas alterações o FC Porto ganhou mais discernimento no miolo, passou a controlar melhor e a ter mais bola, e com Galeno e Corona ganhou mais velocidade e capacidade de desequilíbrio, respetivamente. Com o Belenenses a tentar o seu ultimo forcing para chegar ao empate, o FC Porto como tão bem sabe fazer, aproveitou a oportunidade e partiu para um contra ataque letal, fazendo o 2 a 0 e alcançando a tranquilidade que ia sendo posta em causa até então, com um golo cheio de classe de Aboubakar.


Destaques:

IN

HERRERA - Vai sendo titular há já várias jornadas, relegando Oliver para o banco. Inicialmente intranquilo, e com alguma desconfiança dos adeptos, Herrera vai mostrando uma nova faceta, e depois de ser o MVP frente ao Leipzig, volta a consegui-lo de novo. Já não marcava em dois jogos consecutivos há 23 meses mas ontem, para além do golo assistiu para o segundo. A isto soma-se ainda uma eficácia de passe de 91%, 4 passes para finalização e 8 recuperações de bola. 

REYES - Foi o outro mexicano em evidência. Algo discreto, mas muito sólido, ocupou o lugar de Danilo e fez um ótimo jogo. Assistiu Herrera para o 1-0, registou dois passes para finalização, 88% de eficácia de passe, foi quem mais interagiu com a bola (97 toques) e ainda ganhou quatro de seis duelos aéreos e fez quatro desarmes.

4 comentários:

  1. Boa tarde, Muralha Azul.

    Depois de um grande jogo a meio da semana, embora pragmático, inteligente mas menos vistoso, conseguimos o nosso objectivo depois da ridícula calendarização da nossa liga, algo que é obrigatório rever.

    Uma boa primeira parte, embora difícil de desmontar, e com a vantagem justificada. A segunda parte foi mais pragmática, tal como o jogo de quarta-feira, devido ao cansaço acumulado. O Mister mexeu bem, embora pudesse ter posto mais cedo o Sérgio Oliveira e o Galeno.

    Boas exibições dos jogadores, sem serem vistosas. Destaco Corona e, principalmente, Herrera a subirem de rendimento nos últimos jogos. O Diego Reyes só confirmou aquilo que há muito penso dele: que devia ser nossa aposta para médio defensivo. Ao serviço da selecção mexicana que já o tinha visto a jogar ali por mais do que uma vez e via-o mais agressivo, confiante e seguro. Não deixa de ser um bom central mas, sem dúvidas, para mim, que é no meio-campo onde pode mais render. Ganhou pontos e espero que tanto ele como Marcano renovem em breve.

    Uma palavra para o Hernâni. Vejo nele qualidade mas não pode jogar tão ansioso. Acho que é no lado esquerdo que pode render mais, pois pode explorar melhor a sua virtude, a velocidade, indo à linha e cruzando. Jogando na direita e cortando para dentro não rende tanto, pois não tem aquele toque curto, como James e Hulk.

    Espero que a Direcção possa presentear o nosso Mister (e os adeptos é claro) em janeiro, pois apesar da imensa qualidade do nosso plantel, 2/3 jogadores seriam muito bem-vindos, porque até Deus precisou de descansar...

    Cumprimentos,
    BMF

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    1. Caro BMF,

      Embora menos exuberante, uma ótima vitória.

      Permita-me discordar da sua visão em relação a Reyes e Hernâni. O primeiro vejo-o com um jogador muito competente que pode dar boa conta a jogar a médio defensivo mas prefiro-o como central, ainda para mais sendo Danilo o dono da poição de MD.
      Quanto a Hernâni ainda não consegui gostar dele. Vejo-o a acrescentar sempre muito pouco, embora contra o Belenenses até tenha tido alguma bola, mas acaba sempre por desaparecer no jogo, isto quando chega a aparecer. Tendo em conta a posição em joga acho que deveria ser um agitador, uma opção que ao saltar do banco desequilibrasse e não o vejo fazer isso.

      Quanto ao resto, de acordo como sempre.

      Um abraço!

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    2. Bom dia, Muralha Azul!

      Discorde sem problemas! É sempre bom discordar, pois leva a uma troca de opiniões e ideias saudável!

      E entendo perfeitamente a sua opinião. Quanto ao Diego Reyes, são opiniões pessoais. Quando referi que o mexicano devia ser aposta para médio defensivo, seria num futuro em que o nosso comendador, infelizmente, já não estivesse no nosso Clube.

      Quanto ao Hernâni, é perfeitamente justificável o que disse. Nos primeiros jogos que vi dele durante a época passada no Vitória, achei mesmo que não tinha capacidade para jogar por nós, pois apresentava os problemas que se vêem nele agora. Contudo, com mais ritmo e confiança, fez a época que fez, o que me dá ainda alguma esperança no jogador. Quando digo que, para mim, devia ser aposta no lado esquerdo, é precisamente pelos defeitos que lhe apontou, e com razão. No lado direito pede e tem pouca bola, desaparece facilmente do jogo e como tem de cortar para dentro, parece-me que se atrapalha um pouco, pois joga em espaços curtos. Entrando do banco (será sempre um bom jogador para ter no plantel, útil, mas não um indiscutível), pode desequilibrar no lado esquerdo devido à sua velocidade e exploração de espaços.

      Cumprimentos,
      BMF

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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