segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Lá Ganhamos

Sabem quando, no fim de um jogo, alguém com ar de enfado diz: "lá ganhamos"? É mesmo esse o sentimento após o jogo de sábado. Deu para ganhar mas, novamente, a qualidade exibicional da equipa portista levanta muitas preocupações.


Quem tem lido as últimas análises certamente que achará que me estou a repetir, mas a questão é mesmo essa. A equipa, jornada após jornada, reincide nos mesmos erros. Jogadores que parecem agastados, a arrastarem-se pelo campo, pouco critério e clarividência na construção, ausência quase total de ideias.


Uma das coisas que nos enchiam de prazer ver no FC Porto da época passada era a constante insatisfação. Queriam sempre mais, havia sempre tempo para mais um golo, velocidade.

Atualmente, o futebol da equipa vai pouco mais além do que o chutão para a frente para a correria de Marega ou Abou. Com o acrescento de que é sofrível ver Marega a jogar a extremo. Há unidades em claro sub-rendimento e a equipa vai padecendo com isso. Herrera, Marega, Maxi e Telles são, porventura, os mais evidentes.

O pulmão de Herrera que o fazia correr todo o jogo, já teve melhores dias. Marega, que era uma verdadeira locomotiva, compensando a inabilidade técnica com força e velocidade, tem se perdido nas suas fragilidades, Maxi só consegue defender ou atacar e Telles não tem demonstrado a acutilância e os constantes vai-vem das últimas épocas.

Ora, é normal que com tantos jogadores a demonstrarem dificuldade em encontrar o seu melhor momento de forma, o resto da equipa sinta grandes dificuldades em imprimir o seu jogo.

Aconteceu com o Moreirense e aconteceu novamente com o Vitória FC. Os portistas tinham grandes dificuldades em ter bola, construir criteriosamente, vendo-se inclusivamente, várias vezes recuados e subjugados ao seu meio-campo enquanto o adversário ia desenvolvendo o seu jogo.

Com tantas diferenças de uma época para a outra, é mais que normal a apreensão e incompreensão com aquilo que temos vindo a assistir. Principalmente, no meu caso, com a dificuldade de Conceição em trocar algumas peças no 11 portista que não têm conseguido dar a resposta desejada.

Continuo a achar que é um crime ver Óliver, sistemáticamente, sem uma verdadeira oportunidade na equipa. Até Hernâni vai jogando mais. Se tivesse tantos minutos como aqueles que passa a aquecer já não era nada mau, mas a relevância do espanhol neste plantel parece esgotar-se nos curtos metros de espaço para os exercícios de aquecimento. Acredito que o futebol do chutão seja demasiado "complexo" para a inteligência do pequeno espanhol, mas, vá lá, mister! Dê lugar ao critério e discernimento com a bolo nos pés. Vai ver que não se vai arrepender.

Na fase de maior aflição, basicamente nos longos minutos entre o primeiro e segundo golo do FC Porto, valeu Iker Casillas com algumas boas intervenções, que foi pondo gelo nas investidas sadinas. Mantendo o FC Porto na frente do marcador.

Sérgio Oliveira entrou e, ainda que não tenha estabilizado o jogo pelas funções que desempenhou em campo, fê-lo com o golo da tranquilidade. Só depois do 0-2, os Dragões passaram a respirar melhor e a convicção de que a vitória não escaparia nasceu. Até então, foi sofridinho e muito pouco agradável de se ver, meus amigos.

DESTAQUES: 

IN 

Militão - O brasileiro é daqueles que não engana, e parece vir a ser uma das pedras basilares da equipa portista. Ganhou cinco de seis duelos aéreos defensivos e registou 12 acções defensivas, entre elas seis alívios. Um jogo muito sólido do brasileiro.

Sérgio Oliveira - Entrado na segunda parte, numa altura de maior aperto para os portistas, o médio fez apenas 32 minutos, mas foi o suficiente para deixar uma marca forte. O português fez um golo, completou os 13 passes que tentou e enquadrou os dois remates.

OUT

Sub-rendimento - Acho que já "bati" o suficiente nos jogadores que, a meu ver, estão claramente em baixo de forma. Não o vou fazer novamente mas fica o registo para aquele que, porventura, é o grande inimigo da equipa neste fase.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Um Ponto e Dois Reforços


Foi num estádio de boa memoria, o agora denominado VELTINS-ARENA, que o FUTEBOL CLUBE do PORTO iniciou mais uma campanha na liga milionária. Num jogo que pareceu estar ao alcance mas, em que a derrota chegou a ser um cenário possível, os azuis e brancos picaram o ponto e acabaram por sair vivos da Alemanha.

Foi há 14 anos que os azuis e brancos escreveram uma das mais douradas páginas da sua história ao vencerem, na final da LIGA DOS CAMPEÕES, o AS MÓNACO por 3-0. Esse facto faz com que Gelsenkirchen e o estádio do FC SCHALKE 04, miticamente chamado de ARENA AUF SCHALKE, sejam recordados com alguma nostalgia pelos adeptos portistas. No entanto, na estreia do FC PORTO na presente edição da "champions", esse sentimento pareceu não passar dos adeptos para a equipa apresentada por sérgio CONCEIÇÃO.

O defesa éder MILITÃO e o médio DANILO foram as principais notas de destaque no onze do FC PORTO, e em boa hora, diga-se. Se o brasileiro atuou ao lado de FELIPE, assumindo-se cada vez mais como titular nesta equipa azul e branca, já o prtuguês regressado de lesão fez o lugar de sérgio OLIVEIRA e perfilou-se no meio campo fazendo dupla com héctor HERRERA.

Ainda assim até foi o campeão português a entrar melhor na partida e, embora sem jogar perto da baliza de ralf FÄHRMANN, teve logo aos 13 minutos uma oportuniade de ouro para marcar. GIL MANZANO, o árbitro espanhol assinalou uma mão imprudente do brasileiro NALDO, dentro da área, após um desvio de FELIPE mas, na marca dos 11 metros alex TELLES permitiu a defesa ao guarda redes alemão deixando escapar assim a melhor oportunidade de toda a primeira parte.

Quanto à equipa germânica, que conta com três derrotas para o campeonato, em outros tantos jogos, dominico TEDESCO fez quatro alterações em relação ao jogo em Mönchengladbach, com as entradas a pertencerem a jogadores com caractristicas atacantes, como weston McKENNIE, suat SERDAR, alessandro SCHOPF ou breel EMBOLO.

Sem deixar que o SCHALKE 04 se aproximasse com perigo da baliza de iker CASILLAS, muito por culpa de DANILO, FELIPE e MILITÃO, travando sempre as bolas para a velocidade dos três homens da frente da equipa alemã, os azuis e brancos iam controlando o jogo mas sempre muito longe da baliza adversária. Aí destacaram-se algumas exibições mais discretas, princialmente do meio campo para a frente. HERRERA, longe das suas melhores noites e vincent ABOUBAKAR, sem se encontrar com a equipa, originavam dificuldades para o ataque dos dragões que ficavam entregues à originalidade nos lances individuais de yacine BRAHIMI, ou das bolas longas à procura de moussa MAREGA mas, quer no caso do argelino, quer no do maliano, quase sempre os lances foram inconsequentes.

Com um ritmo baixo e com ambas as equipas encaixadas, mesmo falhando sempre a primeia zona de pressão defensiva (aqui, foi gritante a falta de organização no momento da pressão do FC PORTO, com o homem que tomava a decisão de pressionar - quase sempre OTÁVIO - nunca era devidamente acompanhado) as defesas superiorizavam-se aos ataques e o jogo chegava ao intervalo sem golos. O destino ficava assim entregue aos treinadores e ao que reservavam para o segundo tempo, ficando a ideia que tanto o FC PORTO como o SCHALKE tinham condições para atacar os três pontos.

De facto, no segundo tempo o FC PORTO entrou com a corda toda e, num livre estudado, sobre a direita, quase marcava. Alex TELLES descubriu OTÁVIO e este cruzou para o desvio do "xerife" FELIPE que, obrigou FÄHRMANN a nova grande intervenção, negando outra vez o golo dos dragões. Mas, o que parecia ser uma equipa azul e branca transfigurada não passou de fogo de vista.

Dos dragões esperava-se uma forte reação ao golo sofrido mas, enquanto no relvado pouco ou nada mudava (apenas se aumentou a velocidade na circulação de bola da equipa portista) na dança das substituições até foi italo-alemão quem fez modificações na equipa, lançando dois jogadores frescos para o ataque, yeven KONOPLIANKA, primeiro e, guido BURGSTALLER, depois. E mesmo com o jogo bastante morno, a sorte acabou também por estar do lado dos dragões. À passagem dos 75 minutos NALDO voltou a facilitar e quem aproveitou foi MAREGA que acabou rasteirado na área. O árbitro espanhol, de novo atento, viu e assinalou de nova grande penalidade para o FC PORTO. Desta vez, foi OTÁVIO quem assumiu a responsabilidade e não dando hipótese ao guarda redes alemão fez o empate no VELTINS-ARENA.


A partida, muito disputada a meio campo, continuou a ser marcada pela falta de soluções ofensivas e por muitas perdas de bola algo incompreensíveis. Fatores esses que originavam várias expressões de inquietação, tanto por parte de CONCEIÇÃO como de TEDESCO apesar, ainda assim, de um maior domínio da equipa portista. Aos 60 minutos o técnico português tentou dar mais criatividade ofensiva lançando jesús CORONA, para o lugar do inexistente ABOUBAKAR.

Curiosamente é depois de CONCEIÇÃO ter mexido e, num lance que começou na área do SCHALKE 04, com um remate falhado do mexicano HERRERA, que os alemães chegam ao golo, fazendo valer a velocidade do americano McKENNIE e do suiço EMBOLO que acabou por bater o guarda-redes espanhol do FC PORTO e colocando assim a equipa dos mineiros na frente.

Até ao fim, e com a equipa do SCHALKE a tentar aproximar-se mais da baliza de CASILLAS, mas sempre sem grande perigo, a equipa portuguesa limitou-se a segurar o ponto que para todos os efeitos e depois de ter estado a perder, não era, de todo, um mau resultado. Ainda assim e, sabendo que já não repetiremos o recorde de outra equipa portuguesa, ao terminar a liga milionária com zero pontos, a ver vamos se, em Gelsenkirchen o FC PORTO conquistou um ponto, ou perdeu dois. 

DESTAQUES


IN

CASILLAS - 20 anos de LIGA DOS CAMPEÕES e num palco memorável. Cada vez mais uma lenda.

MILITÃO/DANILO - O destaque não vai para os jogadores mas para as circunstâncias. Ambos desamparados, ambos longe da baliza adversário e ambos com tarefas complicadas. Juntava FELIPE ao pacote mas, para 2 jogadores que se estão praticamente a estrear na época as exibições saltaram à vista. Prometem.

PONTO - O SHALKE 04 é, na teoria o principal adversário na luta pela qualificação. Empatar em sua casa é por si só um resultado positivo.


OUT

HERRERA/ABOUBAKAR - Ambos longe do esperado. Nem sei sequer se tiveram ações positivas no jogo.

BRAHIMI/MAREGA - O destaque não vai para os jogadores mas para as circunstâncias. Ambos desamparados, ambos longe da baliza adversária e ambos com tarefas complicadas.

por Fábio Daniel Ferreira

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

3 Pontos, Mas Só Isso

Depois do desastroso e inesperado resultado face ao Vitória SC, o FC Porto voltou a casa para correr atrás do prejuízo originado por uma exibição pobre e desinspirada da equipa de Sérgio Conceição na passada semana. 

A má exibição e consequente derrota, já depois de uma jornada onde a vitória foi arrancada a ferros frente ao Belenenses deram o alerta e, perante o Moreirense, era importante perceber que resposta seria dada pelos azuis e brancos.

O FC Porto venceu a equipa de Moreira de Cónegos, conquistou os 3 pontos mas só isso. O jogo valeu pelo resultado, por números algo exagerados tendo em conta a exibição, e pouco mais. Sérgio Conceição, na conferência de imprensa, falou na chegada tardia de alguns jogadores para justificar as exibições pouco exuberantes dos portistas. Com muita ou pouca influência, o que é certo é que o futebol apresentado pelos dragões está longe de se aproximar daquele que foi praticado em boa parte da época transata.


Depois de uma jornada inaugural que deixou água na boca, as três seguintes mostraram uma equipa com uma qualidade exibicional muito à quem do esperado, tornando o jogo contra o Desportivo de Chaves cada vez mais um hiato no futebol ainda adormecido dos portistas.

Habituados a uma equipa acutilante, pressionante e que imprime grande velocidade ao seu jogo, frente ao Moreirense assistimos a um FC Porto que parece cansado, sem a energia e a intensidade que era normal. O mau momento de forma de algumas unidades parecem justificar boa parte deste momento. O que pode ser preocupante, tendo em conta que estão decorridas apenas 4 jornadas. 

No jogo de ontem, os azuis e brancos demonstraram dificuldade em alternar entre o momento ofensivo e defensivo, demorando a recuar, recuperar posições e reagir à perda da bola. A passividade portista chegou a ser de tal ordem que o Moreirense, por várias vezes, ia trocando a bola no meio-campo portista com critério e sem ser muito incomodado. Ao minuto 70, os visitantes registavam mesmo 55% de posse de bola.

No momento ofensivo, a pouca intensidade e velocidade dos portistas também deixou a sua marca. O miolo portista demonstrou grandes dificuldades em construir e abrir espaços. Iam valendo as investidas pelos corredores laterais aproveitando a projeção dos laterais e a presença na área de Abou e Marega.

Seguem-se, agora, duas semanas de paragem com regresso marcado frente ao Varzim em jogo a contar para a taça da liga. Espero mesmo que este interregno surta os efeitos necessários ao futebol portista e que sirva a Sérgio Conceição para inverter da melhor forma  a atual condição fisica e exibicional que alguns atletas vão demonstrando por esta altura.

Destaques:

IN 

Militão - Entrar no 11, jogar muito e encher o olho aos adeptos portistas. Com autoridade e segurança, o central brasileiro começou com o pé direito e, ao primeiro jogo, deu um sinal bem positivo, indo ao encontro do rotúlo com que chegou do Brasil. Uma lufada de ar fresco no futebol adormecido dos portistas.

Herrera - A preponderância do mexicano é cada vez maior, ainda mais quando tem um Sérgio Oliveira que tem sido uma nulidade nos últimos jogos dos azuis e brancos. É Herrera quem tem assumido, praticamente só, as despesas do meio-campo portista. Marcou um golo, fez três remates (dois deles enquadrados), registou 92% de eficácia de passe e ainda sete acções defensivas.

Danilo - Após 5 meses de ausência, eis que o comendador está de volta. O Dragão levantou-se para o aplaudir e receber de braços abertos um jogador que tem uma importância enorme na manobra defensiva da equipa. A apreensão com a exibição da equipa, fez denotar ainda mais a necessidade de ter o médio-defensivo disponível.

OUT

Cansaço - Tal como referi em cima, para quem se habitou ao futebol vertiginoso, ao rolo compressor da equipa de Conceição, é com desânimo e preocupação que assistiu ao futebol dos azuis e brancos das últimas 3 jornadas. Uma equipa cansada, com dificuldade em imprimir velocidade e magia é o que mais salta à vista.

Sérgio Oliveira / Maxi - Ambos iniciaram a época em grande nível, mas mergulharam num conjunto de exibições sofridas com grande impacto na equipa. Sérgio Oliveira tem sido um buraco no meio-campo. Dificuldade a defender, ainda mais a atacar, lento e sem ideias. Já Maxi, com a idade a pesar cada vez mais, já só ataca ou defende. A velocidade que lhe falta tem causado calafrios ao lado direto dos Dragões. Se até percebo que João Pedro pode ainda não estar preparado, custa-me ver Oliver no banco quando o meio-campo portista tem precisado de inteligência e calma, aquilo que o espanhol tem para oferecer.